80 - Fantasmas


Em cantos obscuros me espreitam,
fantasmas do meu passado
que atormentam meu presente,
sufocando a vida que grita,
pedindo a liberdade e a paz ,
num querer viver novamente.

Girando em torno de meus sonhos
os transforma em pesadelo,
gritando em minha mente
e vampiros sugam o que sinto,
prosseguem na tortura demente
não deixando fluir os meus passos.

Em desespero imploro,
me libertem deste suplício,
mesmo tendo a certeza
da culpa que me cabe,
pois sou eu que os alimento.

Acorrentada no ontem prossigo,
tentando no hoje ir em frente,
e cega tateando no escuro
prossigo buscando o futuro,
mas os fantasmas de ontem
insaciáveis me prendem,
dominaram minha mente.

79 - Caminho


No começo era um caminho,
inexato e impreciso,
apenas um caminho.
E do nada eu começei a caminhar, percorrê-lo,
sem saber onde esses passos iriam me levar.

No meio do caminho compreendi,
com muita dor e pesar,
que pelo mesmo caminho
eu deveria retornar.

Por um tempo esqueci o caminho,
adormeci em mim a ânsia,
pelo tempo e a distância,
de por ele caminhar.

No começo era a distância,
mas o destino cruel e forte,
se fez presente outra vez.
Aumentou essa distância,
e em mim mais uma vez,
a dor da perda se fez,
fria e cruel feito a morte.

E depois veio o tempo,
irônico e sorrateiro,
num apelo sem retôrno,
pôs sob os meus passos
o caminho outra vez.

E ao longo do tempo,
nesse caminho,
seus apelos, anseios e tristezas eu ouvi,
senti a necessidade mais uma vez.

E na duvida que me consome,
nesses sentimentos confusos,
eu me pergunto em agonia:
E agora? Caminho por ele afinal?
E na dúvida de quem caminha,
o que fazer com a minha vida?
Com essa vida que não é minha !

78 - O Despertar de uma Fada


Que desperte em meu peito o sonho
como desperta as fadas nas noites de lua e estrelas,
e que meu coração tenha a medida certa
para dispersar ao vento a magia do amor.
Quero despertar em uma noite como fada
e iluminar tuda à minha volta,
com o brilho de uma luz sutil feito elas.


Que possa eu realizar o que proponho
e de você poder afastar todas as quimeras,
e para você manter a fantasia bem desperta.
Como uma fada mágica, afastar de você toda a dor
e feito fada manter a tua volta luz, de noite enluarada,
e proporcionar um exército de vaga-lumes como escolta
a lançar sobre você suas luzes de variadas cores, todas belas.


Neste momento é tudo de que disponho,
sonhos, vontades de realizações belas.
O sonho de acordar feito uma fada poderosa
trazendo dentro de mim toda a magia e amor,
para poder fazer da tua vida uma bela vida encantada,
para que sua estrada seja toda em flores envolta,
flores mágicas, exalando no ar suas essências perfumadas.

77 - Emoções


Oh!-Deuses, Mãe, socorram-me, eu peço-lhes, afaguem-me,
acalentem-me, me tomem eu Teus braços enluarados, pois,
tantas emoções dolorosas me tomam a cada passo, afogo-me.
Levantem essa sua filha, já tão sofrida, machucada, salvem-me!

Oh!-Dor, afaste-se, já não posso mais suportar esse pêso,
tantas perdas, sequências de dolorosas despedidas, não!
Não sei mais dizer adeus, não posso, não quero dizê-lo.
Porquê? É tanta a dor que trinca, arrebenta o meu coração.

Já são tantas as ausências, marcadas, perdidas e dilaceradas,
entrincheiradas nas obscuras e nuas paredes da minha solidão.
Esquinas da escuridão, engolindo os meus amores, mascaradas,
malditas, manipuladoras das minhas dores, peço arrego, perdão!

Tenebrosa maré, um mar negro de expiação, levem-me então,
pois, resta-me tão pouco, são tão parcas as minhas alegrias,
afundem-me, então, nessas devastadas e tormentosas águas,
nâo quero mais essa minha vida, quero o inverso, a salvação...

76 - Vai Vem


75 - O Canto da Dor


Canto o canto da inocência perdida,
canto a dor da adolescência ferida
e sofro o martírio das vidas traídas,
em recantos lúgubres de almas sofridas.


Choro as lágrimas do espírito em trevas,
verto o sangue na abominável entrega
perante o maldito vício que te cega
e te joga no negro poço das quedas.


Sufocou o Auro Anjo que te protegia,
nas brumas da tua mórbida inconsciência,
em um ato de profana ira e rebeldia.


Sopra o vento o canto do teu destino,
lança no ar os tristes acordes da tua vida
lamentando a perfídia do teu desvario.

74 - Borboletas


Se o vôo da borboleta insiste
no pouso de flores primaveris
porquê ainda essa dor insiste
no mesmo outono que nunca quis?

Se a côr dessa flor insiste
em atrair à bela borboleta
porquê ainda dói meu coração
insitindo no inverno que se foi?

Se até o inverno passou calado,
esperando uma flor que se abriu,
porquê ainda insiste a meu lado,
a dor dum outono que não partiu?

A borboleta se foi fugindo do frio
e o outono se rendeu ao inverno
porquê inda queima em meu peito
o verão que se foi e ninguém viu?

Quisera ser como essa borboleta
que voa livre sem ter um porquê
parece bailar ao som de opereta
de efêmero ato buscando um buquê

Quisera eu ser essa primavera
à doar essas flores à borboleta
oferecer essas pétalas ao repouso
de seu cansaço, passado o outono

Quantos invernos terão que esperar
a dor de um outono que não acabou?
esperando a primavera apenas pousar
igual borboleta que o casulo deixou

Quantas estações em branco inda passar
para eu poder esquecer tudo que se foi
só uma esperança esperando uma estação
que poderá alforriar-me de mim, enfim